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Conheça a trajetória de Matheus Américo no atletismo

Conheça a trajetória de Matheus Américo no atletismo

O atleta bi campeão irá participar do JUBs em Fortaleza

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Por Assessoria FESU

Os Jogos Universitários Brasileiros - JUBs modalidade atletismo começa esta semana. Entre os dias 12 a 15 de setembro a cidade de Fortaleza vai receber os atletas da categoria. Dentre os esportistas classificados na etapa dos Jogos Universitários do Distrito Federal – JUDF, e que irá compor a delegação brasiliense, está Matheus Medeiros Américo que vem em uma crescente no esporte.  

Matheus Américo tem 23 anos, nascido em Brasília, é Bacharel em Educação Física, cursa Administração pela UPIS e já tem o título de bi campeão brasileiro adulto nos 800 metros rasos. Além disso, é 3º Sargento do Exército Brasileiro e viu nas Forças Armadas uma oportunidade de alavancar sua carreira dentro do atletismo.

Em entrevista à Federação do Esporte Universitário, Américo fala um pouco sobre sua trajetória no atletismo.

Foto: Acervo pessoal

Pergunta: Como surgiu o interesse pelo Atletismo?

Resposta: O interesse surgiu em 2012 quando eu estava na sala de aula. Um grupo de professores do instituto Joaquim Cruz entrou na sala e falou sobre o projeto de alto rendimento que iria ser realizado em Brasília. Falou sobre os benefícios e oportunidades, logo me interessei e fiz minha inscrição. Não tinha noção nenhuma de corrida, porém me despertou algo que nunca senti. Cheguei na seletiva onde aconteceria em quatro finais de semanas, e no final somente 30 pessoas assinava o contrato. Na primeira seletiva eu me assustei quando vi aquela multidão de concorrentes, cerca de 1400 pessoas disputando 30 vagas.

Eu nunca imaginei que conseguiria me destacar. Fui com medo, mas fui. Resumindo: aquele garoto de 16 anos que não tinha noção nenhuma de corrida e nem tênis adequado para correr, ganharia todas as seletivas e assinava seu primeiro contrato como atleta profissional. Ali nascia um novo sonho com novas esperanças, eu amava o futebol mas depois que conheci o atletismo minha paixão mudou totalmente, o atletismo faz parte da minha vida e mudou minha história e da minha família.

 

P: Como foi o primeiro contato com o esporte? Com qual idade iniciou?

R: Meu primeiro contato com o esporte foi aos 7 anos de idade, na escolinha de futebol Ipiranga, acho que tudo na vida tem algum propósito. Foi através do futebol que pude desenvolver minhas capacidades motoras e físicas para no futuro conseguir me destacar no atletismo.


P: Como é a sua rotina de treinos?

R: Treino de segunda a segunda, mas tiro folga em alguns domingos. Eu treino pela manhã e pela tarde. Meus treinos específicos e dolorosos são na terça, quinta e sábado.


P: O que é mais difícil na vida de um esportista?

R: Deixar um pouco a vida social e não poder fazer algumas coisas que pessoas comuns fazem. A gente abdica de muita coisa em busca de um sonho que só a gente entende, mas não me arrependo. O atletismo me faz sentir bem, e cada dia tento superar meus limites e isso é extraordinário, a gente sofre muito nos treinos, fala que não vai treinar, mais pelas dores diárias, mas no outro dia a gente tá lá novamente, é coisa de louco.

E o pior de tudo é quando a gente treina bem e aquela marca desejada não sai, é um pouco frustrante, mas acredito que coisas grandes irão acontecer e tenho paciência porque eu sei que posso chegar muito longe nesse esporte. Uma outra coisa que é difícil de lidar é com as lesões, é algo que te paralisa e te deixa pra baixo, mas devemos ter paciência e fé que tudo irá dar certo.

Foto: Acervo pessoal

P: E na sua modalidade, o que é mais difícil?

R: Corro 800 e 1500 metros, é uma prova que não podemos errar porque um erro é fatal. A gente pode deixar de ir para uma final de um campeonato importante por uma estratégia errada ou até mesmo deixar de fazer uma grande marca por um erro bobo. É uma prova que devemos acertar o ritmo certo, um segundo abaixo ou acima pode mudar totalmente o que você planejava.


P: De quais campeonatos você já participou? Teve vitórias?

R: Já participei de Mundial Escolar; Sul-Americano Juvenil; Campeonatos brasileiros; Panamericano Universitário; Mundial Universitário; Sul Americano sub 23 e cinco campeonatos adultos onde já ganhei duas delas. 

Todas elas têm um pouco de história. Uma delas é o Mundial Universitário 2019 onde eu estava confiante em participar de uma final grandiosa, mas isso não aconteceu por causa de uma estratégia errada. Me classifiquei para semi final, porém fiquei na semi porque fiz uma estratégia onde puxei a prova até os 700 metros e depois o pessoal me passou nos últimos 100 metros, onde classificava os 4 primeiros. Infelizmente não consegui segurar o ritmo e isso me frustrou bastante, mas logo esqueci e segui em frente.


P: Qual sua vitória mais marcante? E qual foi a pior derrota pela qual passou?

R: Minha vitória mais marcante foi o troféu Brasil de atletismo 2018, maior competição brasileira e considerada a maior competição de clubes da América latina, foi uma prova linda eu estava muito confiante. Falei para o meu treinador que iria puxar a prova do início ao fim, não sabia se iria segurar o ritmo, mas eu consegui. Levei a prova do início ao fim, foi uma grande vitória. 

Uma derrota marcante foi meu primeiro mundial. Eu tinha um ano de treinamento e consegui chegar rápido nesse nível. O mundial escolar acontecu em 2013 em Brasília, pela primeira vez. A prova era de 1500 metros, vários atletas do mundo e aquilo era tudo novo pra mim, sou um cara muito confiante e com sede de vitória, mas aquele dia eu não me controlei e por falta de experiência puxei a prova e acabei perdendo nos últimos 300 metros, no qual os atletas do Qatar, Rússia e Itália me passaram. Finalizei aquela competição em 4º lugar. Foi uma derrota muito triste, pois ali estava minha família, meus amigos e a comissão técnica. Deitei no chão e chorei bastante, mas todos me apoiaram.


P: De quantas edições dos Jogos Universitários Brasileiros já participou? Já venceu alguma edição?

R: Participei em 2017 e 2018. Em 2017, na prova dos 800 metros ganhei as duas vezes e  quebrei o recorde que durava 10 anos de um atleta olímpico. Em 2018 venci na prova de 1500 metros.


P: O que o esporte ensina às pessoas?

R: O esporte é uma ferramenta de transformação na vida das pessoas. Ensina valores importantes que levaremos em qualquer profissão que futuramente a gente for realizar, ensina a nunca desistir de algo que você almeja, respeitar as pessoas, foco, disciplina, horários, cuidado com seu corpo e mente, e o melhor de tudo, te ensina a superar todos os desafios.


P: Você se inspira em algum esportista? Quem e por que?

R: Sou grande fã do Joaquim Cruz, e foi por causa desse cara que me tornei um atleta. Se ele não fosse um grande campeão, talvez eu não seria um atleta. Depois que entrei no projeto e fui me aprofundar mais sobre o atletismo,  pesquisei tudo sobre o Joaquim, e a vitória dele nas olimpíadas de 1984 foi fantástica. Até hoje eu vejo aquela final olímpica, é algo extraordinário e muito lindo de assistir, ele é um herói brasileiro.
 

P: Seu ingresso nas Forças Armadas tem relação com o esporte?

R: Sim. Em 2015 recebi um convite do Coronel Samuel onde no meu alistamento eu entraria como soldado e participaria no projeto incorporando campeões. Porém, foi muito difícil conciliar tudo, porque era tudo novo pra mim e eu tinha uma nova função, ser militar, tirar serviço, cumprir expediente e treinar. Foi difícil e eu não consegui me destacar no atletismo aquele ano, mas no ano seguinte eu consegui e a partir daí o Exército Brasileiro foi muito importante no meu desenvolvimento.

Em março deste ano, eu me tornei terceiro sargento do programa de atletas de alto rendimento das Forças Armadas. Fui promovido pelos resultados que obtive como soldado, e isso é algo muito difícil de acontecer com soldados, mas eu consegui e hoje sirvo como exemplo para vários pessoas dentro da corporação.


P: Qual sua meta dentro do esporte? O que almeja?

R: Desde que comecei nesse desafio a minha maior meta é participar dos jogos olímpicos. Almejo algum dia ser medalhista olímpico, é meu grande sonho. Se eu não conseguir eu quero poder falar que lutei muito por esse objetivo, eu não quero ser só mais um nesse esporte e vou lutar muito por isso.


P: O que o esporte mudou na sua vida?

R: Mudou tudo. Sou uma pessoa melhor para minha família, motivo pessoas com meu trabalho, ajudo em casa e sou feliz com que o esporte fez com minha vida. Eu nunca imaginei sair do Brasil e foi através do esporte que pude conhecer lugares e culturas extraordinárias. É uma experiência que todo mundo deveria sentir, é muito bom.


Texto: Kamila Marques

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Foto: Acervo pessoal

 

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